sábado, 27 de junho de 2009

Raklot: O Início

Na escuridão, os dois gigantes não podiam ver ou ouvir um ao outro. Pairavam em meio às trevas sem saber que existiam. Ficaram assim por milênios até que por alguma razão, ambos abriram os olhos. Então, os dois gigantes se tornaram luminosos. Brilhavam em meio às trevas como duas estrelas gêmeas. O gigante vermelho, Kariot, brilhava intensamente e se movia de forma errática pela escuridão. Seu irmão, Seldros, emitia uma calma luz azulada e parecia sentado, observando Kariot.
Então, sem razão aparente, os dois gigantes de luz lutaram. Lutaram por centenas de anos e o som de seus golpes não podia ser ouvido por ninguém pois somente a ordem e o caos existiam. A cada golpe, pequenos pedaços de Seldros e Kariot voavam pela imensidão negra, explodindo em partículas menores que se espalhavam pelas trevas. Durante milhares de anos, a luta prosseguiu e mais e mais luzes povoaram as trevas, enquanto a ordem e o caos se digladiavam.
Subitamente, da mesma forma como a luta começara, esta terminou. Kariot se movia em fúria através do universo de estrelas e pedaços seus e de seu irmão e Seldros percebia tudo ao seu redor e olhava calmamente para o universo.

Transformando sua mão direita em espada, Seldros cortou seus cinco dedos e arremessou esses cinco pedaços de luz azul na direção de uma estrela que brilhava forte na escuridão. Kariot, em sua fúria, arrancou dez dedos das mãos com a boca e os arremessou na mesma direção.
Os quinze pedaços dos gigantes cruzaram o universo, atingindo a brilhante estrela e então tudo mudou, pois quinze novos gigantes haviam nascido.
Seldros e Kariot se olharam e decidiram caminhar pelo universo. Ambos tornaram-se esferas de luz tão pequenas quanto um grão de areia e se perderam em meio à sua criação.

O mundo era um lugar vazio e enquanto as luzes do universo brilhavam no firmamento, os quinze pedaços de deuses caíram sobre um campo deserto, sem vida. As quinze luzes cruzaram os céus e tombaram ruidosamente, criando crateras enormes.
Por muito tempo, os grandes pedaços de Seldros e Kariot ficaram imóveis até que com espasmos colossais, transformaram-se em pequenas cópias de seus pais. Porém, não emitiam luzes vermelhas ou azuis mas tinham suas próprias cores.

Os quinze gigantes vagaram pelo mundo seco e vazio e cada um tomou consciência de sua própria existência aos poucos. Cada um deles falou pela primeira vez ao tomar um nome para si e então, deixaram suas formas luminosas e se tornaram seres diferentes.

O primeiro tomou a forma de um dragão com cinco cabeças. Era Tiamat
O segundo assumiu a forma de um belo guerreiro. Era Corellon.
O terceiro amou o solo e assumiu uma forma robusta. Era Moradin.
O quarto sorriu ao ver a grande estrela dourada no céu tornou-se luz. Era Pelor.
O quinto brandiu uma espada de fogo. Era Kord.
O sexto amou as trevas abaixo da terra e assumiu a forma de uma aranha. Era Lolth.
O sétimo brilhou e tornou-se um dragão feito de prata. Era Bahamut.
O oitavo assumiu uma forma brutal e cinzenta. Era Gruumsh.
O nono sentou-se solitário em meio à penumbra. Era Barnatan.
O décimo emocionou-se ao contemplar as estrelas e assumiu uma forma bela. Era Sehanine.
O décimo primeiro andou sem rumo pelo mundo. Era Avandra.
O décimo segundo meditou por centenas de anos antes de toamr uma forma. Era Ioun.
O décimo terceiro tocou a terra e construiu sua casa. Era Erathis.
O décimo quarto deitou-se na relva seca e admirou a criação. Era Melora.
O décimo quinto assumiu uma forma escura e dividiu-se em três gigantes menores. Eram Zehir, Bane e Asmodeus.

Por muito tempo, os gigantes se mantiveram isolados mas aos poucos, amizades e amores surgiram entre eles, e também surgiu a inveja e o ódio.
Cada um viu o mundo que chamaram de Raklot, que em sua recém inventada língua significava "lugar novo" e tentou criar algo para torná-lo melhor.

Milênios se passaram, e cada um dos gigantes criou muitas coisas e muitas coisas foram destruídas e recriadas. O mundo de Raklot ganhou novas formas e cores. Melora criou os mares ao chorar, Corellon e Avandra semearam florestas, Moradin moldou montanhas arremessando pedaços de Raklot a esmo e pouco a pouco, os deuses moldaram o mundo.
Porém, não havia nenhuma criatura viva e consciente além dos deuses e isso tornava Raklot um mundo belo mas sem vida.
Portanto, cada um dos enormes gigantes criou o que eles chamaram de "pequenos homens". Moradin moldou as formas dessas criaturas a partir do pedido de cada um de seus irmãos e então os deuses se reuniram e sopraram vida sobre suas criações.
As formas das pequenas criações eram muitas e alguns eram imagens vivas de seus criadores. Outros eram feras grotescas, como as crias de Tiamat.

Os pequenos homens perceberam que existiam e se ajoelharam em respeito e agradecimento aos deuses e estes ordenaram que fossem para longe e habitassem o mundo. Assim, Raklot estava vivo e os deuses ficaram satisfeitos.

Porém, foi então que os primordias atacaram. Eram a terra, o fogo, o ar e a água. Eram Raklot e estavam vivos. Os enormes senhores primordiais haviam surgido antes dos gigantes de luz e clamavam ser os verdadeiros filhos de Seldros e Kariot. Por centenas de anos, os elementais lutaram contra os deuses, devastando Raklot. Mesmo os deuses que não amavam seus irmãos se uniram a eles contra os primordiais e a guerra, mudou.
Os senhores primordiais, comandantes dos vastos exércitos dos elementos haviam sido derrotados. Os deuses aprisionaram alguns e destruíram outros mas muitos fugiram para um lugar longínquo e caótico, onde construíram seus novos reinos.

Raklot estava em paz novamente...
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A seguir: a Guerra dos Deuses

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